quinta-feira, 21 de julho de 2016

Escola (poesia naif)


Gritaram no campinho,
fui eu que fiz o gol.
Era quase a hora de ir pra escola,
hora de decidir entre ser doutor
ou jogador da seleção.

Os pequenos todos aprendendo a ler,
na lousa, S+A=SA, P+O=PO.
Revistinha da Mônica antes me ajudou,
levantei braço e não hesitei: “SAPO”.
Palmas dos colegas – nunca esqueci...

Dona Dalva falava francês,
mas dava aulas de português –  
um dia faltei na prova,
e a rígida senhora quis saber por que.
Em vez de tomar bomba
tomei na hora outra prova: nota dez.

Vi dona Izadora, feia e zarolha,
quebrar régua de madeira
na cabeça do “burrinho”.

Vi dona Marlene distribuir mini bíblia
e ensinar música evangélica durante a aula.

Professora Eliana não fez nada nada
quando na sala o brutamontezinho repetente
me deu uma cotovelada na cabeça.

Dona Claudete gostava de minha leitura
e me punha em frente à turma em fila
lendo textos cívicos antes do Hino Nacional.

Professora Rialma organizou um varal de poesia
num sábado de evento cultural.
Leu alto meu poema pros pais que visitavam: 
“o autor é aquele menino ali” - que orgulho!

Na última aula, enquanto não chegava
professor Maurílio me designara na lousa
tirar dúvidas matemáticas de colegas.

Às vezes depois da aula havia futebol,
mas eu não era mais o moleque do campinho –
não era mais o jogador da seleção.

Também não segui carreira de doutor –  
a maldita da Física
nunca me deixou.

CRiga.


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