quinta-feira, 21 de julho de 2016

“Ninguém é cidadão”...



Enquanto a cova não chega comendo
o pátio do Paço ali pertinho,
cegueira reina.
Na sujeira das calçadas tomadas
as torneiras são abertas
pra lavar os bolsos dos fantasmas.

Mataram-se por uma marquise
na esquina,
noutra fumam maconha,
melhor mesmo é fugir.

A cidade suja é pouco
buracos e semáforos apagados também,
pouco dinheiro pra tudo
pouca vontade também.

Não é Turquia nem Síria,
Etiópia, Somália, Venezuela, Haiti –
o caos do mundo também é aqui
no centro da cidade que já era feia.

Na tentativa de falar sobre o amor,
o pulso amotinou-se –  
disfarçar paixões que é fácil,
difícil é conter a vida que grita
que cheira a mijo
no asfalto muito caro.

CRiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário