Havia
muitos quarteirões.
Mas o
trajeto automático da bicicleta
era sempre
aquele quadrante exato
a rua
exata, aquela casa.
Uma vez
descemos a rua
mãos dadas,
eu olhava pro asfalto.
Outro dia a
consolei lá embaixo
dedinho machucado
pelo rolimã.
Mas eu tive
de mudar, tristeza,
atravessava
bairros pra ver a menina.
E ela não
sabia (ou fingia não saber)
por que tanto
eu caminhava.
Um dia chamei
a menina de “beleza”,
coisa de criança,
correu atrás de mim.
Fui embora,
vergonha, demorei pra voltar,
sofri as dores
de moleque com saudades.
Paixão de
infância falou mais alto, e voltei –
mas a casa
vazia me esvaziou...
“Foi
embora... pro Rio, parece...”,
disse uma
amiguinha, olhos sem atenção.
Desde então
cresci, vários amores.
Cresceram também
as casas,
sobrados e
edifícios.
Semáforos, contramão,
buracos e desvios.
Tudo ficou difícil.
Tudo ficou proibido.
Estes dias
passei por lá de carro,
e meu filho
mal deu bola
à minha história
de primeiro amor.
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