sábado, 30 de setembro de 2023

Rastro

 


Seguiu-me num frasco plástico mole e rosa
Era uma história de queimar fotografias.

Esses dias me deu um cheiro novo
Sobrou lá da clínica de onde voltou.

Naquele inocente barbeador de gilete de verdade
Havia pais imagináveis e imemoriais.

No pinball de madeirite há um moleque inexperiente
Que ainda empina pipa com linha de costurar.

CRiga.




Sobre o abandono

 


Carrego entre as duas mãos juntas em concha
As pétalas de uma rosa que morreu jovem demais.

Pesa bigornas. O caminho do cortejo é vasto,
As folhas secas denunciam um vacilo. 
O cimento intacto ainda guarda velhos sonhos.

Rosas secam, meu amor.
Outras nascem e o ciclo perdura,
Só a primavera sorri rangendo os dentes
Nesse sol de solidão tão quente.

Eu apenas espero a noite.
Cultivo uma vontade adolescente
de sentir aquele medo bobo de assombração.

CRiga.