terça-feira, 31 de agosto de 2021

Consciência

 


No final ela briga comigo,
mas tudo bem...

O que vale tá no caminho,
não é no fim.

Quero que você me repreenda com a mesma força
que o teu sorriso me faz te amar cada vez mais.

CRiga.


terça-feira, 24 de agosto de 2021

Se o poema é de amar

 


Quando você sorria
até o pescoço dizia eu te amo.

Você vivia pra frente.
Corria pra minha lente. 

As rimas eram fáceis
e os flashes tão sinceros.

Virava as costas, tempestade:
as ondas de um lindo mar castanho
eram o cheiro de hera das sereias.

A pele do delicado rosto porcelana
dava a cor mais verdadeira
no batom vermelho de sabor num beijo.

E o sempre doce hálito de cereja!...

Teu aroma agora é apenas um drops
rivalizando com o frescor da hortelã.

CRiga.




Ele não era um cara legal

 


Eu não vi as flores nascendo do asfalto
que é só onde sei procurar.

Na mesma galeria ninguém me disse nada
algo que eu pudesse guardar.

Eu não ouvi a música da moda
nem sou o idiota popular da roda.

Eu sou é o vidro que corta
em vez do falso brilhante.

CRiga.




quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Redenção

 


Já fiz gol contra que não valeu.
Já fiz gol de mão na prorrogação.

Só falta o goleiro fingir que não viu
meu milésimo pedido de perdão.

CRiga.


terça-feira, 17 de agosto de 2021

O turco na Hilux

 


Deixa estar

Não alimento o ódio de mais ninguém

Como a maçã

Sensação de vida

Não tenho mais energia pra me culpar

Permita eu dar exemplo

Dá licença pode passar.

CRiga.


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Aulas de violão

 


Está nas pontas dos meus dedos
o ritmo da música que resgatará
o fogo entre as tuas pernas.

Tocarei a nova que hoje eu aprendi.
Se errar de novo eu continuo, é a dica.
Vida é valsa que continua valsando
mesmo no pé trocado do salão.

E no grad finale,
as pontas dos meus dedos aprendizes
tocarão explosivas mais uma vez
as cordas no ponto quente certeiro –
a linda flor em sol maior! 

CRiga.



quinta-feira, 5 de agosto de 2021

A ditadura da desconstrução

 


A mesma velha receita do destruir –

discursos combinados
ataques arranjados
um vale-tudo que engole
o caolho que tem fome.

CRiga.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Um flashback

 


O que não te acontece mais aos ouvidos
muitas vezes a alma escuta, lá no fundo,
pedindo um segundo da tua atenção.

Há um tapete de ácaros dores encrustadas.
Debaixo não há o pó do arrependimento,
apenas o piso frio de uma inocente solidão.

O que não te acontece mais nas pontas dos dedos
talvez seja o restinho do doce brigadeiro
que a língua adolescente não aproveitou.

Há um poema que precisa te pegar no rosto,
dizer o quanto sinto muito o desperdício.

Reviro discos e canções,
e a agulha agora falha.
A ilustre amiga traiçoeira
que não deixa me sentir
mais sentimental.

Me dá uma lua risquinho no céu, um sorriso.
Me devolve aquele restinho de eternidade
um dia guardada confiante
na velha gaveta de nossa juventude.

CRiga.