sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Quarenta e um e pouco (quarentizar-se)


Precisa mesmo ser uma pessoa “interessante”?
Atrair olhares, elogios, atenção?
É preciso mesmo navegar
na onda? Tudo é tão impreciso.
Imperioso. Desnecessário. Cansativo.

É preciso mesmo se quarentizar de vez.
Minimizar caretice e juventudice.
Curtir a doce criancice.
Inventar palavras e verdades confortáveis
quando der na telha.
Reinventar-se.

Ainda voo no vento, na brisa.
Invento, reinvento.
Tento não ser mais novo.
De novo, não sou mais velho.

CRiga.

“Atravessa a cozinha como um rio profundo”*


As ondas estouram,
lindas, impiedosas,
perigosas.
Mas passam,
morrem na praia
acabam na areia
fiozinho, apenas um verão.

Eu,
prefiro o rio!

A calma de um bom lugar
para o mergulho, fundo,
de sempre.
Acariciar a água, matar a sede,
tratar dele como parte de si
impedir que qualquer usina
queira matá-lo na distração.

Eu não vi o mar.
É só o rio
que vejo entrar.

CRiga.




quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Sintomático


Corre ácido sulfúrico
na veia violeta.
Sangue venenoso,
maldizeres, maldições.

Não leve a mal o corpo que demonstra,
ele só se veste, na pele branca,
das feridas que a alma tem.

CRiga.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A presença


O dia cai cinzento como tristeza
como quarta-feira sem eira
nem beira.
E você insiste
existe
mas não te vejo
nem te ouço
só te sinto.

Mas sinto muito
a quarta-feira fim de mundo
com gosto de eternidade distante.

E você insiste, senta ao meu lado
tenta me acalmar.
Mas a calma é triste também
porque acalma e conforma
e eu não quero me conformar.

Tive que sobreviver
merecer
as asas guardadas
debaixo da camiseta.

De bagagem já sem nada
parada na estação,
você me espera com um sorriso
um beijo guardado
e um verso de antigamente.

De bagagem ainda pesada
corro estação por estação
esperando te encontrar
com o sorriso de sempre
o beijo ainda molhado
e o verso que você me cantou.

De passagem nesta terra
vou deixando o peso da bagagem
estação por estação,
até encontrar-te com a roupa do corpo
feridas cicatrizadas pelo tempo
e nos olhos o verso que é eterno.

Me espera, já estou chegando –
olha a fumaça do trem
olha eu acenando de longe
esvaziando minh’alma
dos pesos do caminho.

Escuta o trem apitando –
trago comigo o que é seu
tens contigo o que é meu.

Por enquanto, até a próxima estação!
E um obrigado por existir
e salvar o meu dia
todo dia.

CRiga.

Código Libra


Aninhava-se distraída
com mapas-letras às mãos
entre penhascos rochosos
cachoeiras e dinossauros.

Percebendo que se perderia
arrumou o cabelo
chamou pelo nome
sorriu mais uma vez.

Caminho à frente não há mais
é preciso picar trilha
colocar um som dos noventa
e reacender a chama ao xamã.

Tudo vindo e nada indo
não solta um grito sequer.
Sua libra é velha conhecida
na terra onde já se fez justiça.

As rédeas estão seguras
bem amarradas à casinha na colina.
Não há galopes de desespero
cavaleiro louco à sua procura.

Fumaça não desperta o resgate
e ela não alcança a sirene.
Se não gritar fica perdida
grafada arqueologia na parede da gruta.

Há sementes de laboratório
para novos girassóis de primavera.
Há o eremita que conhece
todos os atalhos do solo fértil.

Doce é o vento que assobia
moldando dunas
confundindo peregrinos –
não há mesmo muita chance
de alguém se encontrar por aqui.


CRiga.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Tossindo sangue


Colecionava selos
de cartas não respondidas.

Na caixa do correio um ninho,
alimentava pássaros e ilusões.

Da janela,
as estrelas cadentes que contava
eram desejos que não valiam a pena.

Na calçada,
pra cada sorriso não devolvido
mais uma moeda na cartola do artista.

Em casa, em qualquer lado,
uma parede vazia.
Um Renoir havia debaixo da cama.

Doíam amores de ficção –  
o que era verdade
virava invenção.

Viveu encostando as costas
no mofo do porão.

Morreu tossindo sangue
romancista de plantão.

CRiga.

Vênus de Milo


Fora de nosso vil alcance
felicidade plena
que nunca se viu.

Esse fingimento de dor doída
é ferimento de batalha velha –  
a gente só insiste nela
porque passou
e não volta mais.

Ou porque passou tão distraída
que prometeu voltar um dia
vestida clássica obra de arte
tão inalcançável
de jeans e camiseta.


CRiga.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A vida cavalga


É o inverno que muda as coisas, me faz lembrar de você de novo como se eu fosse a culpada por não ser feliz. Talvez seja mesmo, talvez você nem se lembre mais de mim, então remexo velhos pertences e não me encontro, só encontro você. Remexo números, não te encontro, ligo à telefonista, simpática, quase chora comigo, esses homens que nos esquecem são foda... Esse é o número mais próximo, então ligo, você não está mais lá, mas alguém diz “ele está em tal lugar”. A telefonista me dá então a porra do número do tal lugar, sem certeza penso te encontrar, alguém atende pelo teu nome, te encontro, é você, meu antigo amor!

Simpático como sempre! Casado, mas simpático. Com um filho, mas tão amoroso como sempre. Mudei de casa, você não sabia, e você me disse que foi me procurar numa noite com flores e vinho às mãos, e que por isso não me encontrou. Mentirinha bonitinha, me conquistou. Que saudades de você, do seu beijo, do seu abraço, do seu amasso. Acho que aproveitei pouco, muito pouco, não te dei devida atenção, eu sei, me arrependo, sou libriana, quero tudo vindo, quase nada indo.

Mudei de jeito também, você não sabe? Não saio mais em tantas baladas, parei de fumar, me conheço mais, gosto mais de mim, estou só um pouquinho mais gordinha, sem tanta diferença, acredite, estou mais bonita. E não cavalgo mais, você acredita? Eu também. Só falta você pra completar, mas não tenho coragem de dizer. A vida cavalga, eu parei.

Determinado momento você disse que é importante agarrar as chances quando elas vêm. Não esperar que aconteça, apenas estar esperta para a hora que acontecer. Sei que não foi por querer, mas parece que isso me feriu lá dentro, sem você perceber. Eu sei que não foi por mal, meu amor, nada vai me fazer tão mal quanto esta vontade de te pedir desculpas sem tempo, essa vontade louca de voltar no tempo e te agarrar, esperar que aconteça e estar esperta para fazer acontecer.

Bem, me ligue um dia também. Vamos sair, quase eu disse, tomar um chope, você não pode, agora tem família e não vou insistir. É errado, nem sei se tenho coragem. Acho que teria, te beijar de novo como antes valeria. Matar-me mais um pouco por não ter você, recriar-me por segundos eternos nos teus braços que um dia me tiveram mulher.  
É o inverno que muda as coisas assim, faz a gente amanhecer cinza com saudades do passado que passou entre os dedos, feito areia de ampulheta que a gente não agarrou. Eu te amava e não sabia, me perdoe, meu amor. Seja feliz, seja feliz, vou desligar. Eu ainda tenho a poesia que você fez pra mim, preciso desligar pra não chorar. A vida cavalga, eu não mais...

CRiga.

O blues da madrugada


Te quero versos roubados
feito poeta queimado
na santa inquisição.

Te quero fogo armado até os dentes,
e você de flor na orelha
e rosa tatuada no ombro que chorei.

És minha haitiana prometida
proibida aos brancos,
sou caçador de barba ruiva
vindo de caravelas amaldiçoar-me de ti.

Te quero porta arrombada,
incenso e “Because” na vitrola,
porque o mundo vem girando
e tua vermelha saia chita, tonta,
me perde nos novos faróis.

A música do teu cabelo
quando o vento bate um rock,
destoa minha ópera preparada
pra te invadir entranhas e vestidos.

Te quero vício incurável
ferido no vinho tinto,
o seco na boca amarga
fazendo filhos e história.

Te quero então, e quero
apenas esta vida de volta,
minha história recontada
num blues de madrugada.


CRiga.

A capital incapaz


Nem mesmo os garis dão bom dia
até a malandragem é muito chata
os granfinos ditos belos cultos
são ostras enfiadas à força numa moda
em suas pérolas apenas caras.

A burocracia vira ciacorporate
nada pode, tudo não dá.

Quem disse que esta cidade era sorriso
deve ter visto a placa de ponta-cabeça...

CRiga.

Romance rosa


Meu bem, eu tenho jeito
mas não o teu jeito Labin
de enviar carta sem romance
de lance duvidoso no pênalti marcado.

É final de campeonato,
é final de romance rosa.

Meu bem, eu tenho tempo
mas não o teu tempo areia
de ampulheta ofegante
ou de praia tão distante.

É naufrágio, navegante,
é final de romance rosa.

Meu bem, me dá um tempo
eu não tenho culpa se você é rosa.
Meu bem, vê se dá um jeito
eu não tenho culpa se você não goza.

É guerra no Médio Oriente
é média e pão na chapa quente
é tudo o que você não entende.

É romance, ramalhete,
um lembrete de botão –
essa primavera já passou.

CRiga.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ele não era um cara legal


Eu não vi as flores nascendo do asfalto,
que é só onde sei procurar.

Na mesma galeria ninguém me disse nada, 
algo que eu pudesse guardar.

Eu não ouvi a música da moda,
nem sou o idiota popular da roda.

Eu sou é o vidro que corta,
em vez do falso brilhante.


CRiga

Espreita


Antes de entramos naquela porta sem volta, sem velhos anjos juvenis a acobertarem nossos pecados antes liberados, deixe-me dizer das trapaças da vida e das esquinas, das ruas se essas ruas fossem minhas.

Eu te esperei sem tempo de olhar por mim – flores às mãos e um poema de Drummond. Hoje e há muito sou mais um conto de Caio Fernando, talvez tristezas novas, talvez ternuras velhas, mas no sangue corre aquela impressão de década de 80 empoeirando ideais dos 70.

A questão é: poderemos ser jovens novamente? Não, nunca poderemos! Conservar o espírito é obrigação do ser humano, mas não dá para escondê-lo daquele ácido cotidiano, cada gota a cada dia, depois de anos corroeu-se boa parte do brilho antes reservado a um amor juvenil.

Melhor então concentrar-me em consertar as esquinas inteiras, não quebradas por tua simples onipresença enquanto te esperei. Melhor cuidar de ajudar homens da lei a mudar o nome daquela rua, como se aquela rua fosse minha. Deixemos aquela porta guardada feito foto desbotada no bolso roto, porque o resto são memórias que não ajudam a viver, às vezes só sobreviver. O resto do caminho pela nossa rua se fez e ainda se faz avenidas e alamedas, becos e trincheiras. Espreita.

O que há é isso mesmo: a espreita melancólica e os velhos anjos juvenis, hoje adultos que seguram nossas mãos na direção “correta”; as trapaças da vida e as ruas se essas ruas fossem minhas só pro meu amor passar – mas passar apenas feito corte e cicatriz. O sangue ainda escorre um pouco às vezes, mas vai passar, meu amor, vai passar, mantenha teu caminho, teu brilho sem ladrilho, tua porta entreaberta, porque tudo passa feito febre, tudo passa, meu amor, menos você na minha rua, tudo bem, essa rua já sou eu, esse asfalto já sou eu.

E a espreita é cega. O asfalto já trincou. A rua vai fechar. As casas vão ser abandonadas. E as portas vão ranger a dor do abandono feito aquelas ruas de faroeste ou em filmes de ficção, quando um vírus destrói a cidade.

Tudo vai ficar bem, meu amor, tudo vai ficar…


CRiga.

A pequena e o escritor


Assinava com um singelo: “com amor, de sua pequena”. Era pequena, mas tão lindinha menina de interior! Levava bolo de fubá, curau, docinho de leite e tudo de mais para agradar o “senhor escritor” – escritor de cartas, que se diga. Ele bem que quis ser escritor na sua juventude, até pequenos prêmios de literatura ganhara, mas acabou que os dias da semana corroeram seu tempo e talento. Foi parar mesmo naquela repartição de atendimento público, profissão “escritor e ledor de cartas”.

Arrumou certa paixão pelo emprego – afinal, se não tinha mais inspiração para histórias, pelo menos ficava feliz em reproduzir as que lhe ditavam. E também se sentia privilegiado por saber de tantas histórias de tantas pessoas do Brasil. Inspirações caseiras.

A cada semana, aquela mocinha da roça vinha ditar uma cartinha ao moço da fazenda que deixara em sua cidadezinha de interior, e com quem teve um romance muito rápido antes de seu pai mudar para a Capital, a trabalho em uma obra. E a cada semana que passava, o escritor/ledor esperava mais ansiosamente a pequena. Era uma paixão pura. Não era sua a pequena, mas mesmo assim nunca sobrepôs seus desejos à profissão: era fiel ao que ela queria escrever, palavras de amor, saudades, desejo... sim, ela revelava os mais escondidos desejos de reencontro, como seria, onde seria, onde queria ser tocada por ele... Cada cartinha melhor que outra, mais apaixonada, com saudades daquele certo moço.

Acontece que o moço nunca respondia. E apesar do amor do escriba frustrado, ele nunca gostou da negativa a cada pergunta dela, chegando sorridente ao guichê: “tem alguma coisa pra mim?... não?... tudo bem, eu sei que ele vai escrever. Vamos em frente, hoje a carta vai ser de amor ofendido então... pouquinho só, pra fazer drama pra ele” – ela disse um dia, sorrindo de novo. E a admiração do escriba por aquela criatura crescia cada vez mais.

Àquela altura, ele até ajudava a encontrar palavras para as cartas. Aconselhava: “não acha melhor dizer: ‘tenho a alma rota de desejo, mas feito só a metade de um lençol’, do que dizer ‘te espero ao lado de minha cama, com muita saudade do teu corpo’?”. “Não vai entender, ele é meio burro, sabe?... Mas tenta aí, vai que dá certo dessa vez”, e ela ria aquele riso de menina pura de interior.

Foram meses de cartas semanais não respondidas. Meses de exercício literário de um escriba que, finalmente, tornava-se escritor com a ajuda e o aceite da pequena. Afinal, como não aceitar sugestões tão bonitas, profundas e ao mesmo tempo tão verdadeiras. “Como consegue ser tão bom em encontrar palavras, senhor escritor?”

E ela não desistia. Era um amor incondicional, uma saudade calma, serena, tão certa da resposta. Que um dia veio.

Não acreditou na afirmativa do escriba. “Uma carta, pra mim?! Não acredito! É verdade? Vamos, por favor, leia logo pra mim senhor escritor!”. Misto de tristezinha e de alegria por ela, ele abriu a carta. “Vamos, leia!”. “É um comunicado. Ele morreu faz três meses, num rio. Seu corpo não foi encontrado. E pedem para que você esqueça a história, muito dolorosa à família”.

Silêncio. Muda, algumas lágrimas escorreram. “É só? Não tem mais nada?”. “Não, mais nada. É apenas um comunicado, curto e grosso”. Levantou-se lentamente, virou-se e caminhava passos lentos, como se não soubesse onde pisava. Virou-se ao escriba, as lágrimas estouraram numa boiada triste. “Obrigado...”, disse. Foi embora.

O escriba bem que queria abraçá-la, consolá-la. Mas não teve coragem de detê-la, afinal, como conseguir olhar pra ela e continuar escondendo que ele de fato respondera a carta, que não era aquilo que estava escrito, que ele não havia morrido – mas que devia, era melhor que fosse assim.

“Não escreva mais essas cartas pra mim. Casei com sua amiga, mais bonita e inteligente, essas suas cartinhas melosas são muito chatas, como você sempre foi. Me esquece de uma vez, sua caipira.”

Como dizer isso à pequena? Como desfazer assim tão brutamente um sonho tão bonito? E se ela não desistisse?... A vida podia ser assim, mas não precisava ser, não naquele mundo que ele ajudou a escrever. Entendeu que a deixaria menos triste se ele morresse do que revelasse a personalidade de alguém que não merecia aquele amor, aquelas belas cartas de saudades verdadeiras.

Era um final alternativo. Ele, agora escritor realizado, achava que, por amor, também tinha esse direito. Ela, nunca mais voltou. Certo ou não, pequena e escritor, duas vidas que tomaram seus rumos.

Mas as histórias continuavam, assim como a vida precisava. Preocupação com filho na cidade grande. Filha grávida avisando a novidade à mãe. Saudades do marido no garimpo. Receita de bolo pra comadre. Uma carta da fazenda, um pedido de perdão...


CRiga.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O grande amor


Todo cuidado do mundo
todo cuidado é pouco
todo cuidado é grande
todo cuidado é louco
todo cuidado elegante.

Todo cuidado, camarada,
por aí ele vem na estrada!
Discreto feito big-bang
tão certo quanto hora certa
tão mestre quanto criança.

Tango de Gardel
rock Woodstock
nova bossa
lua nova
sol de verão,

canção da memória
do ainda coração.


CRiga.

Samba de esperar


Vem que te espero
com flores ou pedras
mas te espero
porque te quero
bem ou mal
com açúcar ou sal
vem, mas vem logo
que eu posso te esquecer
ou de tanto te esquecer
cansar de esperar
e ir te encontrar.

CRiga.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Ampulheta


Observo e desejo ondas,
e não percebo que a areia
praia da juventude
um dia acaba cedo demais.


CRiga.

Ao redor


Enquanto este velho perde
precioso tempo com platonicices,
meu velho envelhece
minha velha declara amor.

Enquanto este moleque brinca
de se afogar, só de olhar
as ondas do seu cabelo,
meus moleques não correm mais atrás de mim
meu moleque se afoga na falta de ar.

Enquanto este fingidor finge a dor de paixão
que todo poeta deve sentir,
este poeta deveria acarinhar o amor
que sorri todo dia
uma nova renascida poesia.


CRiga.

Nove horas, nove anos


Todas as coincidências do dia dão em você:
a ligação de um chefe puxando orelha
a foto do seu bulevar destituído
um espetáculo (cover) do Queen.
Menos o toque fúnebre hora em hora –  
ainda são falsos os sinos da Matriz.

Soam falsas as horas, os dias
os anos que se passam.
Há a falta do teu talentoso olhar,
há a falta dos teus olhos verdes
um flash iluminando amigos.

“A gente se vê
fotografando anjos e estrelas
sem chefes nem fechamentos
numa dessas pautas loucas aí do céu!..."

Para o amigo irmão, Edu Venâncio


CRiga.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Do to the beast


Vocal rasgado na canção que abre o disco – quero gritar o quanto te odeio. Eu aumento o som pra me reencontrar num alternativo dos anos 90, o disco é de 2015, mas Greg ainda grita por mim. Você é que nunca vai ouvir, mas sorri e me acena numa manhã cinzenta, quase primavera – e foi só hoje que sonhei com você! Hoje, eu apenas quero gritar: “You´re gonna make me break down and cry!...”*

CRiga.

*"Parked Outside", Afghan Whigs, do disco "Do to the Beast"

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Pau oco


No meio da praça penitência
na silenciosa romaria
à escadaria da catedral,

não me bata a carteira
não me roube a certeza
que o meu tempo já passou.

Na via crucis ainda há uma oração
que precisa seguir cega, sem rancor.

Tire sua juventude do meu caminho
que eu quero passar, muito devagar,
quero te comer com os olhos
aqui do alto do meu andor.

CRiga.