O dia cai
cinzento como tristeza
como
quarta-feira sem eira
nem beira.
E você
insiste
existe
mas não te
vejo
nem te ouço
só te
sinto.
Mas sinto
muito
a
quarta-feira fim de mundo
com gosto
de eternidade distante.
E você
insiste, senta ao meu lado
tenta me
acalmar.
Mas a calma
é triste também
porque
acalma e conforma
e eu não
quero me conformar.
Tive que
sobreviver
merecer
as asas
guardadas
debaixo da
camiseta.
De bagagem
já sem nada
parada na
estação,
você me
espera com um sorriso
um beijo
guardado
e um verso
de antigamente.
De bagagem
ainda pesada
corro
estação por estação
esperando
te encontrar
com o
sorriso de sempre
o beijo
ainda molhado
e o verso
que você me cantou.
De passagem
nesta terra
vou
deixando o peso da bagagem
estação por
estação,
até
encontrar-te com a roupa do corpo
feridas
cicatrizadas pelo tempo
e nos olhos
o verso que é eterno.
Me espera, já
estou chegando –
olha a
fumaça do trem
olha eu
acenando de longe
esvaziando
minh’alma
dos pesos
do caminho.
Escuta o
trem apitando –
trago
comigo o que é seu
tens
contigo o que é meu.
Por
enquanto, até a próxima estação!
E um obrigado
por existir
e salvar o
meu dia
todo dia.
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