segunda-feira, 31 de julho de 2017

Me dá a mão


Crise é quando o semáforo na esquina
chegando à padaria do português
não te dá cor nem rumo.

É o qualquer lugar tá valendo
desde que não atropelado.


CRiga.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Barba disfarçada


Saberia me contar, me conter?
Quanto tempo dura a juventude?
Quantos rostos se formam severos
nos tijolos incompletos de nossa obra
nos cobrando dívidas
e atenção?

Eu apenas tenho roupas de guerra
guardadas gomadas num guarda-roupa.
Mas a guerra acabou, a paz é cara,
minha cara agora tem de novidade
apenas uma barba todo dia pintada.
Foi-se o bamba na passeata,
a camisinha estourada.

Verdade que o buraco é fundo?
Último domingo não parecia ser.
Verdade que se acaba o mundo?
O fogão improvisado não deixa o barro quebrar.

Meu desejo é confessar-me temente
à simples natureza das coisas.
Ao pé da jabuticabeira
descobrir-me então maduro.

À beira de perceber na sombra
da linda segunda-feira
que eu sempre fui feliz.


CRiga.


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Mais um leão


Aquele sonoro e vitorioso enter,
o último trabalho do dia.

Difícil escolher entre mais ocupação,
saudades
ou oficina do diabo.


CRiga.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Mesa branca


Nem tou com ele, cheguei agora
isso é hora de vir me cobrar?

Já te amei, odiei, te pedi perdão.
Já voei sobre você na praça
dando graça proutro retratista.
Minha vista daqui também se cansa.

Eu tou sem tempo, aqui é foda!
Vou derrubar de vez o copo, me quebrar,
mais uma vez amando visitar teu lar.

CRiga.

(Para Edu Venâncio)


Só mais um poema de presente


O problema é por que quererão
descobrir selfies motivos.

Biológicos
toxicológicos
psicológicos.

Melhor então você saber
anotar,
melhor é até gravar –

eu estava naquele ônibus
que tinha como destino a Paz.

É melhor mesmo você apagar,
nem dá pra carregar, é muita memória –  
amanhã é o grande dia
mais um de sua popular superação.

Mas você
querendo se descarregar
vai querer me chorar num refrão.

Minha bagagem era nada,
era droga
era boba.


CRiga.


Sozinho num apartamento


Restou apenas e tão somente
perceber os detalhes.

Nunca fui bom
em poesia concretista.


CRiga.


Eu assobio um velho bolero


Tem um friozinho n’alma
que a gente sempre espera
uma etérea explicação.

É aquele que dá na janela
na pia da cozinha, lavando louça
no final da tarde de primavera,
enquanto o sol se põe.
Crianças na calçada,
alguém dormindo no sofá.

O sabiá
sabia era bolerar.

CRiga.



Eu lá, você aqui


Tão ordinário medir sucesso,
prostituta palavra
que também é madre confessora.

Medir paz com quantos clientes tenho.
Medir amor com tamanho de decisões.
Medir a voz pra falar tô vivo.

Eu tô comendo só o pó que quero.
Ninguém me mandou te procurar.
Ninguém me obrigou a ficar aqui.


CRiga.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

O que eu penso debaixo do tapete


Foi o papel amassado que rolou
pra baixo da mesa do meu avô.

Aqui agora, linda mesa,
preta linda talhada nos meus mais doces pesadelos. 
Quem não quer se inspirar
que não tenha mesa nem pesadelos,
que não escreva!

Caiu, eu cai,
uma brisa me levou pra junto do pó.
Solidão que não quero nem pensar.

Esqueci do segredo sangrando
uniformemente
enrugado no papel.
Era minha dor muito distraída
em sua santa conveniência
de reciclado paletó.

Todo mundo esquece.
Menos eu!
Tá lá.
É só abaixar pra me ler.

CRiga.



Sonhar com mortos


Era então aquele mesmo sorriso da juventude que eu perdi. Passou fingindo-se distraída, quando vi teu rosto e os aros pretos me chamando num abraço, num beijo, o brilho! “Tem certeza?”. Eu tinha!

Outro dia voltei a te procurar, agora eu fingindo assuntos importantes. Você deu novamente a luz da graça, agora amiga conversando num sofá de uma casa de um antigamente na sua vila. Mas esperando minha certeza vociferar leões. Tudo ficou bem, apenas uma visita de bons amigos novamente, eu saí triste como naquele corredor da adolescência em que eu disse não...

Desde então não sei – durmo esta vida, acordo sonhando, sobrevivo. Não sei se coloco na vitrola aquela nova música francesa que tem a cara da manhã que não tem você. Ou se falo a língua morta de te fazer vir de novo me visitar, antigo amor num sonho, com gosto de café amargo pela manhã...


CRiga.


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Carregado pelo povo


O mal faz tempo que tá feito
para o bem de todos
os amigos do prefeito.

O mal agora e faz tempo
é assim tão perfeito!
Tem até peito que oferece a fronte –
a ferida do punhal de prata roubada
já tem cobertura no seguro de saúde.

O muro que picho é bicho manso –
me dá o osso que alcanço
até onde a esperança dançar.

Mas num dia assim pesado e confiante
você quebra o salto alto, elegante!
A valsa sempre falsa e sem graça
desafina na praça do teu discurso.

O doce debut adolescente
nunca é assim tão para sempre.

CRiga.



Charme


Minha nova barba esconde a asa
que só quer voar até você,
beija-flor na rosa boca do teu batom.

Minha unha pintada guitarrinha
o preto-e-branco do teu vintage,
chama apenas o flautista tatuado
no antebraço de antigamente.

O que quero é a eternidade talhada
na madeira do teu brinco
lindo sol da Ilha do Mel.

O que sinto o azul dos teus olhos
marca o passo vigiando
meu sempre distraído coração.

CRiga.



Atalhos do teu campo

Você me obrigou à jogada ensaiada
flash no Fantástico igual artilheiro
pro dia de clássico no Maracanã.

Só não me falou quando o zagueiro
tira a bola em cima da linha
e me não deixa sair gritando gol.


CRiga.


12 de julho (será que algo vai acontecer?)


Hoje juízes presidentes ex-presidentes
são daqueles bons amigos meus
acobertando pecados que não fazem mal...

Olha só, hoje eu posso fumar na janela
na hora do Jornal Nacional
sem ninguém pra reclamar!

O que se diga, então,
sem ninguém pra protestar...


CRiga.


Preza reza


Quando eu tenho medo eu penso num amigo.

Mesmo o medo mais oceano dividido em dois
vendo todo o pecado do mundo atravessar.

Fecho os olhos viro as costas volto logo e caio em pé.

Qual é mesmo o maremoto
que no brinde desiste de nos afogar?


CRiga.


Eu aumento o som na minha vitrola


Alguém descobriu numa gravação de feliz aniversário como foram os últimos momentos de vida interessante do poeta. Por trás do tudo de bom, a trilha no vinil era o frio em Liverpool, mas ele estava em julho no sudeste de um Brasil – este, de um lado um ex-presidente condenado a ser livre, de outro um ex-vice tendo a bula de sua vida lida por colegas com óculos de lobo. Há problemas muito piores que você. Não tenho telefone de gancho pra poder me declarar mudo, e não me deixe esperando aqui com os dedos batendo na madeira o ritmo da bateria latina. Assim especulando como posso fazer o que não posso sem o medo vir me buscar. Não é tão sério assim, nada a ver com pulsos cortados nem barbitúricos misturados ao whisky com guaraná. Tem a ver com um doce clichê. Um quê de ter a ver. Um quase poder ser livre...


CRiga.


Deixe estar


Esse frio é tão clássico
como Let it Be.

É a procura pelo dia
em que necessário será
não provar nada a ninguém.


CRiga.

Polícia atrás de mim


Porque não pode. Então vamos falar sobre o amor. Melhor uma música que remeta à paz que boia pena na praça ao léu esperando pousar na boina do italiano. Saiba que os erros nasceram do pretérito, portanto por agora não se culpe mais. É que não pode, o aviso hoje foi bem claro. Mas acabou, martelar no prego já pregado? A cruz agora é escrever pra ti um poema, mais uma centena de coisas que a gente ainda pode. É como aquela pena que boia na praça – algum poeta pode se agarrar.


CRiga.


terça-feira, 11 de julho de 2017

Tem tempo...


Diz de coisas muito difíceis de entender. Eu te dei letra e você não leu! Quando da arte brota uma semente de reação, é flecha com flecha, fogo no pavio da bomba. É o trigal na brisa e sua sinfonia. É aquele brilho do olhar, sabe, aquele que você até já tinha esquecido como é. Eu te dei as páginas guardadas da revista escondida no baú. Te dei o laço daquela carta que colei no portão dela, e ela me vendo entre os frisos da veneziana. Te dei a mesma velha promessa quebrada, quando ela não voltou a passar na minha rua. Diz de coisas muito estranhas de gostar. Eu te dei quente e frio, nunca morno! Quando da arte cai a centenária árvore por causa do vento de setembro, é porque uma semente um dia brotou com tempo de florescer. Com alma de apreender...


CRiga.


Tarde morta


Férias. O Parque até que tá cheio.
Caminhar pela calçada da Estrada dos Romeiros.
Nada se forma algodão nuvem de histórias
na fumaça poluição da minha ideia.

A rouca fim-de-voz do Cohen
diz de coisas que pareço
conhecer um pouco bem - 
a idade que se tem que flerta
entre a juventude da tarde
e um suicídio ao contrário.

Na tarde morta a pressa é pela noite.
Lombo do cavalo selvagem no açoite.
A colina por de sol de propaganda
rima agora com basta recomeçar.


CRiga.


Leonard Cohen - “You Want It Darker"
Topaz - “Suicídio ao Contrário”

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Um eco na esquina


Tocava seu blues na gaita de madrugada,
era o frio, a chuva e uma cidade intensa
que o desdobravam pelas calçadas sem estrelas.

Hollywood era apenas lenda de revista,
e os buracos no passeio público
tinham nomes de políticos e burocratas.

Fizesse fama deitaria, se deixaria
fotografar nu feito Lennon e Yoko.
Havia pouco acorde e muito a dizer.

Arte maior é morrer de frio
na calçada sem fama,
folha de papel borrada no bolso furado –

futuro sucesso, domínio público,
sem gravura nos livros da biblioteca
sem menções estrelares
nas visitas escolares aos museus.

CRiga.



quinta-feira, 6 de julho de 2017

O voo


A garota àquela hora já estava cansada de andar entre as ruas do Centro, de lá para cá, olhando vitrines desinteressantes e o chão. Aquele conjunto de ladrilhos que formava o mapa do Estado de São Paulo, em linhas retas, velho e azul como o metrô na Estação da Luz, bêbados, cheiro de mijo nas esquinas, cadê as lojas de discos que eu li a respeito?

Com seu coturno preto até o joelho, brinquinhos, cabelo preto preto até a nuca com tatuagem - de henna -, uma caveirinha, esqueletinho inteiro, bonitinha até. Logo acima do decotinho, sobre um dos seios que despontava durinho, outra tatuagem de henna, um beija-flor. Liberdade eu quero. Uma saia xadrez grande, cara como tudo que possuía. O menos caro que tinha era a idade: 16.

Não tinha amigos mais, decidira. Todos eles eram burguesinhos demais, raves, ecstasy, Dysney Word, carros importados, mendigos incendiados, prostitutas agredidas. Ela então resolveu um dia torrar a mesadona em roupas daquelas que as amigas não usavam. Tudo de grife, ficou uma “punk chic”, e pensava ser diferente.

Não chamou o motorista pra ir ao Centro, foi só, um táxi. Disseram um dia pra ela que aquele era um lugar “cool”, da moda, onde tribos urbanas se reconheciam. Como não tinha ninguém pra acompanhar, foi sozinha mesmo. Cansou de caminhar, sentou no chão, tipo rebelde. Cabeça baixa, sem absolutamente nada de criativo na cabeça. Era magrinha, bonita, olhos pintados a lápis preto, batom preto, um olhar de pureza de novela das oito e aquelas famílias com sotaque carioca, da Tijuca.

Surpreendida aos chutes, viu moleques descalços tentando roubar sua mochila. Gritou mamãe, papai, não havia ninguém, apenas a multidão que passava acostumada às cenas de moleques roubando esses drogados do centro da cidade. Ninguém fazia nada. Era normal, deixa a vida seguir assim. Os moleques aos xingos, sua puta, vaca, passa logo essa merda. Um deles deixou cair o cachimbo de crack. Foram embora andando, dando risada, gestos obscenos.

A bolsa se foi, ela caída no ladrilho da realidade do centro de São Paulo. Isso não era cool. Levantou cambaleante, chorando, sangrando no canto da boca. Não tinha grana nem para pegar metrô e ônibus de volta, nem sabia voltar. O celular com câmera fotográfica foi junto com a bolsa. Sentou de novo chorando, agarrou o cachimbo de crack, nem sabia do que se tratava.

“Olha aquela menina, tão novinha se drogando”, ouviu. Quando virou-se, duas freiras comentando. “Me ajuda, não sou drogada, não sou”. “Sai, sai!..”, as freiras se livrando das mãos dela.

Parou olhando o nada, assustada. Não sabia nem ligar a cobrar de um orelhão. Queria mesmo era saber voar pra fugir dali. Como quis poder voar, agressiva contra o céu, contra o mundo, contra todos.

“Ta perdida, filha?”. Era um homem dos seus 40 anos, camisa manga curta, gravata, óculos de aros pretos, tipo corretor da bolsa de valores. “Tou sim, me ajuda”, contou toda a história. Ele pagou um refrigerante para acalmar. “Venha, vou levar você pra casa”.

No carro, desviou caminho. Rua erma. Olhar de brasa, quase babava, foi com todos os braços e pernas pra cima dela, abrindo a braguilha. Gritos dela abafados por um tapa, ela desmaiou. Escuro total.

Acordou num hospital, hematoma, muita dor. Havia sido jogada numa calçada, um gari a encontrou caída e desacordada. Pela tevê já haviam identificado a garota, fugiu de casa, revoltada com o mundo cor-de-rosa. “Seus pais estão a caminho, fique calma agora”, uma voz de enfermeira.

Não ficou. Chorou, chorou desesperadamente. Gritava não por causa da dor no corpo inteiro, rosto, braços, pernas, entre as pernas. Era uma dose tão cavalar de realidade que a dor doía em sua alma. Antes cabeça vazia, agora cheia de terror. Soluçava. Minutos depois foi baixando o tom, baixando aos poucos, fechando os olhos. Tentou buscar algo pra continuar, não encontrou.

Papai e mamãe chegaram. Férias da escola, roupa nova, tratamento rápido, uma viagem pra Europa. Um lago em Paris, a cidade das luzes, sobre uma bela ponte, alta. Melhor lugar não havia.

Cabeça vazia que a cidade das luzes não iluminou. No escuro, na marginal lá embaixo, a mesma saia xadrez manchada, no bolso um cachimbo guardado, usado há pouco. Agora nua, branquinha, pelos pubianos ainda ralinhos e seios pequenos, biquinhos. De pé sobre o peitoril da ponte, braços abertos no frio europeu, mais imagens confusas de moleques descalços gargalhando, um carro abafado, um corpo de homem mais velho sobre ela de lá pra cá. Um hospital. E mamãe e papai pagando viagem, se livrando do problema, sequer perguntaram porque estava ela tão longe de casa àquele dia confuso no Centro. Um beijinho frio no aeroporto, se cuida, aproveita, tem dinheiro na sua conta pra fazer o que você quiser.

E, pela primeira vez, quis de fato alguma coisa. Nada contra o mundo, nada contra ninguém. Ali, naquela ponte, em Paris, nua sobre o peitoril, melhor lugar não havia. Só queria aprender a voar.



CRiga.


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um lugar na eternidade dos teus olhos


Há uma terna urgência nos teus olhos,
e eu vou atrás porque deles brotam vistosos
os alimentos de uma horta reservada no futuro.

Teremos talvez que levantar um muro
cerca viva, vamos sobreviver
vendendo o verde da esperança estampada
num quadrinho da parede.

Eu te acompanho porque tudo é possível,
inclusive mantermos vivas as lagartas
longe das folhas do maracujá.

É possível que sejamos então tão fortes
que movamos de lugar apenas o concreto
deixando as raízes invadir nosso lugar.

É possível que a alma encontre abrigo,
que um amigo venha nos visitar –
cuidado agora é pra não queimar a lenha
sem teus olhos pra me alimentar.


CRiga.


terça-feira, 4 de julho de 2017

Oficina


É proibido. Esta tarde sempre tão fria
é um prenúncio do que não pode.

Não pode é eu sentir o vazio
de homem crescido inventando a dor.
Quando eu era menino
até gostava de Sessão da Tarde.

Mas o beijo que não dei na menina,
mais o que deixei de fazer adolescente  
com medo do castigo onipresente de Deus,
me implica agora esperar a hora
de não morrer assim em vão.

Meu coração também tem suas mazelas
e bombeia o sangue ao corpo
aquela besta marginal.
Criei-me à gaiola, nada justifica, eu sei.
O monstro dorme. Eu quero que ele morra.
Mas ele não morre, chia quietinho ronronando
na garagem, desligaram a câmera de segurança.

Mas arquivaram o vídeo tape dos meus erros,
qualquer dia a merecida conhecida sentença
vem de novo me sentenciar.

Cabeça vazia
é Deus quebrando tudo
na paz da minha oficina.

CRiga.


Viúva (alma no curtume)


Procura por algo no fundo da gaveta,
e apenas o rosto coberto pelo pó
na velha fotografia
denuncia.

Você não morreu
e os barbitúricos acabaram.

Abrir de manhã a janela molhada,
o gesto simples e simbólico pra continuar:
é como amputar os braços, se salvar
procurando no brilho tímido do sol
um sorriso-motivo pra acreditar.

Trocar a cama, os lençóis, o travesseiro –  
tem aquele buraco irritante que sufoca.
A cada manhã faço uma promessa nova,
minha pressa é amiga da cicatriz vermelha.

CRiga.


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pernas de pau


Mal dou conta das coisas que entendo.
Das que não entendo faço de conta
que não são comigo, passo distraído.

Há leões dominados que ainda fogem,
quem sabe voltarão a sorrir da jaula.
Há esquinas cujas jubas me esperam
dominar com a unha do instinto, sobreviver.

Há passos percalços acasos e fatos:
importante é não parar no cadafalso
esperando a ordem do rei à janela.

Sabe aquelas vezes que sorri uma esperança?
É que nada mais me deixa parar no ponto.
Eu conto histórias e castelos de areia,
e a ponta do punhal nunca aponta meu destino.
Não sou menino, sou o ilusionista,
o lobisomem e o palhaço.

Faço de conta que tudo é normal.
Mal dou falta do que me falta.
O inverno do meu velho guarda-roupa
ainda briga com estes dias
ainda abriga
minhas mofadas fantasias.


CRiga.