sexta-feira, 7 de julho de 2017

Um eco na esquina


Tocava seu blues na gaita de madrugada,
era o frio, a chuva e uma cidade intensa
que o desdobravam pelas calçadas sem estrelas.

Hollywood era apenas lenda de revista,
e os buracos no passeio público
tinham nomes de políticos e burocratas.

Fizesse fama deitaria, se deixaria
fotografar nu feito Lennon e Yoko.
Havia pouco acorde e muito a dizer.

Arte maior é morrer de frio
na calçada sem fama,
folha de papel borrada no bolso furado –

futuro sucesso, domínio público,
sem gravura nos livros da biblioteca
sem menções estrelares
nas visitas escolares aos museus.

CRiga.



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