segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pernas de pau


Mal dou conta das coisas que entendo.
Das que não entendo faço de conta
que não são comigo, passo distraído.

Há leões dominados que ainda fogem,
quem sabe voltarão a sorrir da jaula.
Há esquinas cujas jubas me esperam
dominar com a unha do instinto, sobreviver.

Há passos percalços acasos e fatos:
importante é não parar no cadafalso
esperando a ordem do rei à janela.

Sabe aquelas vezes que sorri uma esperança?
É que nada mais me deixa parar no ponto.
Eu conto histórias e castelos de areia,
e a ponta do punhal nunca aponta meu destino.
Não sou menino, sou o ilusionista,
o lobisomem e o palhaço.

Faço de conta que tudo é normal.
Mal dou falta do que me falta.
O inverno do meu velho guarda-roupa
ainda briga com estes dias
ainda abriga
minhas mofadas fantasias.


CRiga.


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