O beijo roubado distraído
naquela esquina nunca fora esquecido. Nem o pedido de desculpas, sem jeito,
olharzinho de quem havia cometido crime hediondo. Ela, dentro do seu carro, só
queria ter certeza do que era buscar ser feliz, ou buscar não ser mais triste.
Tanto fazia.
Depois da volta na
esquina, ele desceu e ela foi embora no seu carro. Viriam noites às claras, um
marido que chegava frio do trabalho, um carnaval chorando sozinha, e uma
quarta-feira em que não eram suas as cinzas – era um bar em Pinheiros onde,
finalmente, não precisaria mais roubar beijo qualquer.
Depois disso, corações
tomaram assento no trem da vida e continuaram sem mais erros. O marido resolveu
chegar mais cedo, quente, ainda vivo para o casamento.
O beijo fora roubado feito
Robin Hood roubando dos ricos para dar aos pobres. Os pobres voltaram a ser
ricos. O rico comprou o bar de Pinheiros, fechou as portas, e foi para uma
ilha. Um pouco triste, mas inteiro. Ela também.
Não houve crime hediondo.
Cada um com seu beijo, sua cerveja, seu pós-carnaval. Como ela dizia, cada um
com seus problemas...
CRiga.
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