quinta-feira, 14 de julho de 2016

Nos braços

Há dias que não adianta
a porta de emergência, tentar fugir.
Virar o lado B do disco riscado
se a vontade é repetir e repetir
aquela mesma velha canção.

Apenas ecos,
“Você é minha, não é?
O que aconteceu?”
Corpo fino preso à cintura solteira,
os braços dele eram um só desespero
sem tempo, o dia implacável
já queria invadir a casa.

Quis apenas ver seu rosto tão lindo
naquela velha cozinha escura.
Pra todos os efeitos da poesia,
não havia escamas prateadas
espocando no ar, mares de juventude...
Nem duração enquanto eterna,
nem pito no infinito,
nem o morango que não leu mofado
nos lábios do triste namorado.

Havia apenas ela nos braços
e um querer com pena se desvencilhar
do desejo
de um intruso antigamente.

Houve um nunca mais o sal da idade
agora salgada
em meros tempos imemoriais.

CRiga.


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