sexta-feira, 1 de julho de 2016

Caminho Suave


Mamãe deixada só
deixou rastros também, distantes,
até o penhasco, uma vida inteira.
E ela sabe que há uma bruma densa
depois da queda brusca, ela tem medo
de seguir os passos de mamãe.

Quem ouviu o grito, ouviu a noite
e ouviu a vida inteira.

Os sapatos que traziam pó,
na volta do dia de trabalho.
As vitórias dos dias do Leão amigo,
hoje apenas um diferente marido.
Hoje não tem mais leões brigando,
estão velhos os nossos leões...

A roupa disfarçava, mas ela era
a mesma menina de sempre.
Mamãe estava no quarto
lendo Alan Kardec.
Medo de descer a escada, sorrir,
dar um beijo de boa noite
e contar histórias de família.

A mesma menina que ensinava
o irmão a ler na revistinha
da Turma da Mônica,
depois que papai, de novo,
ter ido embora noutro domingo –
liga não a bofetada,
o soco na barriga.

Tem um caminho suave
que não estava na cartilha
de nossas segundas-feiras.

CRiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário