sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Um músculo cibernético


A pior tragédia humana
é a falta de paixão,
caminho que leva letárgico
a lugar algum nessa cidade.

É a pior tempestade a falta de paixão,
coração que pulsa teimoso
sobrevivente amargo na metrópole.

É a pior cidade do cosmos,
passo descompassado falciforme,
fome de viver a mil!

A falta que faz a paixão
derruba o homem mendigo de calçada,
faz da carcaça arte falsa pós modernista,
pós porra nenhuma,
pó sobre o sobretudo negro
do vampiro que quer sangrar.

É a pior história a falta de paixão
ficção, biografia, best-seller
sem começo, meio, fim.
É inventar esquinas lisérgicas,
repletas de amores disfarçados
da multidão que você faz parte.

É estar tão perdido
com velhos e bons mapas às mãos,
e negar o caminho reto
porque você simplesmente se acostumou 
com paraísos tortos
e anjos mortos a ressuscitar.

A pior tragédia, poeta,
é a falta de paixão.
E pra isso o remédio amargo
é sobreviver fingindo sentir a dor
que deveras queria sentir.


CRiga.

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