sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Trinta e três (e uma vida)


Cristo quando morreu.
Médico quando examina.
Que engraçado meu filho falando!
Na lousa da escola, antes um zero e vírgula,
vira o infinito.

Eu não morri ainda.
Minha doença é a memória do coração.
O meu filho vai crescer...
Nunca fui bom estudante,
dormia sempre no ponto final.

Não quero cruz nem Cristo.
Nem vacina nem amnésia.
O meu filho vai casar!
Infinito enquanto dure,
eu até que gostava de literatura.

Vieram com a cruz, Cristo me receberá?
Minha doença foi te esperar.
O meu filho, ele sim, vem me visitar.
Nunca fui de ler os olhos,
só lia bem o meu Drummond.

Romeiros chegam à Santa Cruz,
eu nunca soube rezar.
Cientistas descobrem a cura,
menos onde você está.
O meu filho vai ter filho,
talvez o filho dele tenha um bom avô.
Nunca fui bom das contas,
muito menos dos pontos finais.

CRiga.

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