quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Política do antigamente


Ficamos assim então –
você me envia as tuas dores via rede
e ouvirá um fio de voz de antigamente
pra não dizer que falhei feio.

Eu falei pra você:
gente devia crescer até os vinte e pouco só,
depois tudo vira plantar árvores
pra completar o ciclo.

Nem sei mais rabiscar revoluções,
o caderno perdeu a cor.

Eu falei pra você –
havia o samba que morreria
e tudo apenas ficaria
doce arquivo de computador.

Pois então ficamos assim –
trocamos antigamentes via rede
sorrimos, lembramos
e voltamos a martelar a madeira.

Não o cedro da escrivaninha velha,
mas a mesa de falsa fórmica
de onde resistimos, silenciosos,
arriscando rabiscar
vagalumes sem luz.

CRiga.

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