segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mercado das pulgas


Uma cama apenas reserva o sono
ou reserva talvez afogar-me em ti,
seja prazer
ou o pó da cama comprada usada
vinda de outro lar,
talvez o nosso lar.

Uma cama, um lar.
Pó, “prazer em conhecer”,
mas é desprazer, meu bem,
porque o pó a gente conhece bem.

Então por que insistir polir
a cama que só quer dormir
e a madeira que não é lei?

Por que mentir,
por que um lar de pau
sem cara de pau
sem bem
sem mal?

Somos o pó dos móveis que vendemos,
nos vendemos muito fácil, meu bem,
e alugamos o que se diz um nosso lar.

Alugamos sonhos
sem cama e sem sono,
alugamos apenas
o desejo de poder sonhar.


CRiga.

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