Eu procuro
mais!
O que não
traz a pessoa ao sorrir.
O que não
mostra o corpo ao se despir.
Eu não quero
gesto nem carnaval.
Não quero o
que completa o plural.
Eu procuro
olhos que falem.
Eu procuro
vozes que vejam.
Eu procuro um
cais na tempestade.
Eu procuro o
caos na sanidade.
Vivo sempre a
trancar portas pelo caminho.
Vivo sempre a
procurar as chaves atiradas.
As aves não
me acompanham na viagem
em suas dores
de fuga no horizonte.
Na verdade eu
também fujo.
Talvez eu
seja um velho bruxo
correndo da
Santa Inquisição.
Sempre há
também aquele tórax nu
e os braços
abertos, tão pertos.
Agora não é
paz, é a tormenta.
É um morto
que tenta
me levar
também.
Daqueles
olhos me privaram.
Desviaram seu
sentido numa obra de arte
tão humana quanto
à pluralidade.
Foi quando
desaprendi as orações.
E eu
procurava aqueles olhos...
Mas um dia eles
se cansaram
de me dar as
mais simples respostas.
Eu procuro na
intolerável distância
o que é
distante
e intocado.
Eu procuro a
fragrância de um perfume
que perdi na
intimidade do ar.
Eu procuro o
arrependimento do voluntário
na fragata em
alto mar.
Eu me
procuro, é tão difícil...
No escuro
tudo parece
tão igual.
CRiga.
(Caderno
Azul, 1997)