segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O inimigo vem para o jantar (a canção de um sonho bem real)


Durante a ceia escassa de nossa aldeia
Você trouxe o vinho da bebedeira
Brindou como um velho amigo que voltou.

Na noite do nosso sono confiante
Você portou-se como um amante
Roubou o ouro e apenas acusou.

De manhã jogou o velhinho de lado
Cercou o jardim com arame farpado
Botou soldado raso vigiando as flores.

Meio-dia tomou a casa de assalto
Gritou “todos de mãos pro alto”
E fez seu escritório em nosso quarto.

Daí
No novo almoço fez ode à tirania
Enfiou goela abaixo uma soberania
Prendeu padre, parente e vizinho.

Daí
Rasgou a Bíblia e a Constituição
Sorriu arrogante na televisão
E deu de ombros ao que estava escrito.

E aí?
Como aceitar o novo inimigo?
E deixar solto o velho bandido?
Ignorar a verdadeira paz?

E aí?
Como acreditar no falso profeta?
E encarar a face do poeta?
Os nossos dias já não voltam mais.

CRiga.

(Sonhei com invasão de marcianos
e acordei com um Brasil
depois das eleições...)


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