Saiu com
pressa
adulto em busca de
assunto
na
papelaria do beco do Centro da cidade.
A mocinha crente
bonitinha
já nem
trabalhava mais lá.
Voltou
clandestino escondendo na blusa
um novo caderno azul -
um novo caderno azul -
brochura
mais bonita
que na
juventude de bar em bar.
Queria
mesmo desatar novamente
aquela
poderosa cachoeira poética –
água explodindo nas rochas do espírito,
cada
cristal espocando no ar
marcando
linhas, um poema por minuto.
Verdade
é que nenhum
novo caderno azul
lhe daria
de volta a vida pulsante –
a vida já
escrita
não dá
segunda parte de romance.
Os petardos
viraram mono letras estéreis,
a força das
águas, um banho quente vulgar –
apenas
dormir sem mais sonhar
com a moreninha
da quinta série.
Agora
apenas a sombra de um pai ausente,
é ela quem
maltrata os filhos do filho;
agora apenas
o sorriso de uma mãe sem sal,
descobriu-se
açúcar tardio no café já frio.
Criança
precisa de carinho e de caderno novo
pra rabiscar
e colorir faz-de-contas.
Precisa do
brinquedo escrito na carta
do papai que
não o Noel,
precisa de
véu de cachoeira no verão
e de bolinhas
de sabão.
Eu não
preciso é dos bits desbaratinando
estas tardes agora
perdidas,
procurando
sentido no canto das palavras.
Não preciso
deste homem feito
desenterrando
memórias de computador.
CRiga.
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