sexta-feira, 11 de março de 2016

Os olhos velhos




Horizonte foi mais largo quando eu vi você partir,
pontinho preto num sol vermelho
morrendo no fim da tarde.

Sobrara um gole do vinho tinto
na tua taça sobre a cadeira de balanço,
e eu chorei,
corri à estrada escura,
perdi-me no pó levantado pelo vento leste
e fui barro, à lua cheia, à noite inevitável.

Quando amanheceu,
varanda e vinho eram os mesmos,
e a estrada, horizonte,
não trariam você de volta.

Quando amanheceu,
meus olhos eram mais velhos,
e você pedia pra eles nunca envelhecerem.

Meus olhos estão velhos, meu amor,
porque você esqueceu de deixar comigo a fórmula
de nunca envelhecer...

A varanda ficou velha
o vinho ficou velho
e a cadeira, de tão velha,
balança sozinha, no vento leste,
esta besta saudade da inocência.

CRiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário