quinta-feira, 10 de março de 2016

Há um tempo inevitável



É quando, depois da luta de uma vida, você se encontra confuso, sozinho no meio da sala, e tem tempo de se lembrar das coisas que esqueceu guardadas.

As coisas...

É quando você tem certeza que naqueles velhos pertences guardados em pó, esquecidos no fundo da estante, está a solução para as crises dessa confusa modernidade.

E ao folhear velhos diários procurando as letras eternas, percebe o quanto têm razão as juventudes. E que aquela sua juventude, corajosa, eloquente e cheia de vida, simplesmente não te responde qualquer suspiro confortante.

Quem unicamente fala contigo é um vento – depois de tanto tempo, você consegue ouvir sua voz, e ele não sopra mais a primavera de uma vida inteira pela frente. Entre os frisos da janela fechada à tarde de inverno, ele canta com deboche sobre as letras eternas que não te servem mais pra nada, simplesmente, nada.

É quando a tão bem falada experiência apenas lhe dá a ciência da eterna hora certa de se retirar.

CRiga.



3 comentários:

  1. Gilberto Carlos Rigamonti17 de março de 2018 às 14:53

    Eu sei muito bem o que é isso, meu filho. Estou passando por isso agora. E sem o dinheirinho que, na juventude, guardei para a velhice...

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  2. Eita...queria ter um filho assim!!! Na mosca!!!

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