terça-feira, 14 de julho de 2020

Dia das Bruxas


Dedo na garganta e apropriação devida de coisas que não são minhas. Roubo mesmo, se isso me faz bem. Todos eles roubaram de alguém, e ocultaram o crime embelezando a boneca com batom de vinho seco e barato, aquele que escorre no canto da boca de riso artificial dos lábios plásticos, manchando a pele feito espancamento pela metade.

E eu espanco mesmo neste dia, arranco sangue, crio clássicos hematomas de inocência. E um texto roubado no final não é nada que não se possa explicar na posteridade.

Enquanto isso, declaro às autoridades ter visto tua foto três por quatro, guardada culpada pelo crime, desbotada na carteira velha - meu coração não é selvagem, é apenas marginal que comete crimes, acusa inocentes e oculta cadáveres.

Inocente? Você foi embora roubando meu disco do Elvis por causa de Suspicious Mind, apropriação devida. Apropriação de vida, pra sobreviver sem mim na marginalidade…

Feliz aniversário, mas vou ter que te matar mais uma vez agora. Deixe que noticiários contem as mentiras, porque a verdade nós dois sabemos: ninguém morreu, meu bem, ninguém. Textos renascem todo dia, e os discos estão voltando à moda. Menos nós, sobreviventes sem graça, grafados perdidos sem valor moral, feitos classificado de jornal…

CRiga.


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