segunda-feira, 13 de julho de 2020

Guerra santa


Na guerra
erra ao olhar demais pra ela.

Peca,
a igreja é mais um puteiro
que a fria solução dos fracos.

Embaraços, pernas grossas,
se houvesse religião se jogaria
aos seus pés, lavaria seus pés,
adoraria.

Na terra o cheiro é mais forte,
o sangue menstrual aduba
o transe do girassol depois da chuva –

acredita é no barro,
no carro de portas abertas
pronto pra fuga
pra qualquer Paris que se invente.

Qualquer país onde a guerra
seja santa, vestida decote
e saia curta no altar.
A cada bombardeio, escondida
numa catacumba diferente,
um perfume a denuncia.

Beato cretino nenhum tem coragem
de abrir a santa sepultura rosa choque,
encará-la pedindo olhares e amores
além daqueles que as mãos juntas
oram queimando ateus.

Na guerra
ele escondeu todo o seu tesouro
debaixo do véu da santa.
Véu transparente,
pobre santa desnuda
rogai por nós!...

Santa viva no bater dos sinos
anunciando, feito raios e trovões,
a agrura de um corpo
que só quer comungar prazer.

CRiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário