sexta-feira, 24 de julho de 2020

Militância de flores



Há um Brasil que insiste
invadir minha história de amor.

Trocam-se flores multicores
pelo amarelo e vermelho –
as flores não ficam tão tristes
desde os tempos de Vandré.

Trocam-se poemas por discursos.
A carta anônima romântica
depositada na caixinha do correio,
vira fraca denúncia estampada
em qualquer página de jornal.

Troca-se perfume por gás lacrimogêneo,
vestido chita por camiseta chiita.
Troca-se convite a um passeio
por convocação a passeata.

Eu prefiro sim a flor colhida
à morta pisada no canteiro.
Um coração partido
a tomar partido do terror.

Há um Brasil que resiste
se reinventar histérico
na minha história de amor.

CRiga.



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