quarta-feira, 19 de abril de 2017

Timidez


O ártico na boca do estômago é simplesmente te ver chegar, e chegou, com atraso, um arraso entrando na sala! A aula passa, eu olho, você conversa, a professora chama sua atenção. Você apenas sorri, recolhe o corpo à carteira e finge que não foi com você. Foi pra mim que sorriu? Acho que sim! Acho que não… A aula passa arrastada, eu engulo seco esse correr rápido demais do meu coração. Finalmente o sino bate, é hora do recreio: agora é fogo gelado no peito, a espera, a ansiedade, o bilhete escondido na mochila, ninguém vai ver. Saio à sua procura, eu trouxe um lanche a mais pra dividir e você só anda dando voltas no pátio junto a colegas, não para nem prum oi. Na volta, em fila pra sala, todos sentam e eu só continuo olhando pra você. Esperança: trabalho em grupo! Cruzo os dedos, é a professora que vai montar – não ficamos juntos, será que um dia vamos ficar? Seus dedos passeiam por dentro da mochila procurando não sei o quê, desfilam, reviram, puxam o caderno e lá se vai meu bilhetinho ao chão... Um “não...” sai meio surdo da minha boca, a professora observa, pergunta o que foi. Não foi, professora. Talvez nunca será...


CRiga.


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