quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cinco minutos pra desmofar


Ferve a engrenagem na cabeça,
palavras que me darão o pão.
Me darão o não te escrever
a vida métrica harmonia.

Não é obrigação desmofar.
É óleo pras roscas industriais
girando, girando
macetando miolos até cansar.

Eu preciso dos cinco minutos
depois do despertar em plena tarde –
é a fumaça que denuncia
a exploração da fábrica de palavras.

Eu preciso dizer que não sou assim,
que não tenho os pés no chão
mas que caminhei até aqui.

Um dia a menos me dói
deixar de te dizer
as coisas que ainda sei muito bem.

Engrenagens falham, vão pro ferro velho.
Que delas então se façam as esculturas
do museu da praça de guerra.

Na terra eu planto um novo morango
e um amigo meu deve me responder
se quarenta e duas primaveras
têm a força de fazer florescer.


CRiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário