Acorda
com a segunda-feira
lhe
dando segundas chances.
Possibilidades,
remotas ou não.
Sem
lirismo, sem encanto.
Há
também na pele que ferve
a
covardia e a doença moderna.
Aquela
tristeza tonta
que
não tem gosto, morna.
Por
que não vomita?
Por
que não goza?
Por
que não dá voz?
Há
segundas chances orbitando
por
aí, batendo asas de ir embora.
Mas
a pena é tinteiro falso, fede mofo,
dá
pena de ver correr atrás.
Agora
há tempo pra um poema.
Precisa
agora assassinar lirismos.
Precisa
do cinismo. Escrever
só
a disputa pelo poder.
Não
pode nem contar verdades –
o
espião te mata, o futuro cai
numa
conta muita cara,
a
bebida que não satisfaz.
Não
sabe se vai pagar,
o
gosto é só sangue de barata.
Não
sabe se vai chegar a tempo.
Como
acreditar em milagres.
Como
discar números da agenda –
o
socorro é só um barquinho de papel
que
desce no fiozinho de água
escorrendo
suja na sarjeta quebrada.
Ele
antes tinha motivos.
Agora
tem coceiras,
olheiras,
sono pra recuperar.
E
um finalmente virar as costas,
se
jogar.
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