terça-feira, 4 de abril de 2017

O general das batatas


O general me tirou da artilharia que pesava sobre os meus ombros, mas me colocou telegrafando notas sociais de soldados rasos. Hoje, depois da dura batalha ele sorri de novo, mas agora sob um tenso ranger de dentes - tantas estrelas não podem tirar das costas as execuções de caladas de noite. De sua poltrona almofadada, vestindo sua farda reciclada, levanta velhas armas como se pudesse usar.

Telegrafando não desaprendi a atirar - e não há melhor soldado telegrafista de notas sociais. Eu seria o general de descascar batatas, tivesse me enviado ao porão do quartel sob o incêndio implacável do tempo. E sob a dura acusação de sentinela desesperada, telegrafista de plantão, até apaguei algumas chamas que comiam o campo pelas beiradas.

O melhor é me matar de vez do que aos poucos - nem batatas nem notas, verdes, marrons ou sociais, vão conseguir. Sou soldado profissional telegrafista, sempre fiel à bandeira que sirvo. E ainda sei atirar muito bem.

CRiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário