terça-feira, 11 de abril de 2017

Sem socorro


A banqueta do músico está vazia
e o velho órgão musicaliza sozinho,
devagar, a música do mistério.
Na imensa catedral dest´alma
o belo instrumento dita silábico
enervante, um ritmo tão amargurado.
É como se no ventre frio o feto
se desanimasse, ajoelhado,
é longa a missão a cumprir.

A hora é de oração ao coração ateu,
mas o altar continua opulento demais.
Minha hóstia é craquelenta, secou o corpo,
o menu não inclui o sangue cabernet.
É preciso uma parada ao sacramento,
assumir o ódio, a maldita terapia.

O confessionário aqui guardado
está fechado, fitas amarelas da polícia.
Eu assassinei há muito tempo
o pastor, o carpinteiro
e o cientista.


CRiga.


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