Saudade é coisa que pega a gente, e a gente parece que não quer desapegar.
Uma
sensação de dor gostosa, a saudade que não dói. Sabe? Cutucar o canto do dedo,
bicho de pé, café meio amargo, aquela cachaça mineira que desce rasgando?
Saudade
de alguém é assim, te tira um pouco do ar, você fica meio catatônico, mas gosta
da sua própria cara de bobo quando vê a fotografia daquele ser que você quase
esqueceu que ama. E percebe que nem o tempão que passou fez você sarar!
É
coisa que remexe a gente lá dentro, parece sangue gelado cortando o coração de
compasso letárgico. É sentir frio no verão do Rio. É mentir que tá tudo bem,
que amanhã a gente vem pra festa, mentir com o que está escrito na testa! Ora,
ora…
Saudade
é coisa mesmo de curtir, mexer o gelo no copo do Scotch. Uma vontade de esticar
o braço, abraçar, pousar as mãos sobre o rosto daquele ser tão distante,
beijar! Ah, beijar… No beijo a saudade quase acaba. Mas sentir saudade junto a
quem sente a mesma saudade é fogo na bomba!
Tem
gente que fala em matar a saudade. Mata não… Deixa ela meio moribunda, mas não
deixa morrer porque senão o amor perde sentido. Sentir a saudade começar a
reviver é como ver aquela velha orquídea florescer.
Saudade
é tocar dó ré mi fá na flauta doce, fechar os olhos e pensar no Bolero de
Ravel!
CRiga.
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