terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Secretária eletrônica


Acabou-se o pulso
na desesperada hemorragia
do amor que não passou.

Anjos desesperados gritavam no eco,
naquele apartamento frio, sem madeira,
que não era a sua vez.

Uma garoa louca silabava
a dor suspensa no tempo calado.

O vento gelado girava no quarto
levando os velhos papéis borrados.

Acabou-se o pulso
pulseiras, anéis.

Gritava o telefone
sem qualquer resposta,
enquanto a fria voz feminina
desafiava na metálica gravação:

“deixe o seu recado
só após ter amado
como eu amei...”

CRiga.
(Caderno Azul - 2000)



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