segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Amor de verão


Uma folha cai
e o amor de verão despenca
no quadradinho do calendário.

Não suportará a graduação alcoólica
do vinho tinto francês.
Não contrairá a doença moderna
do rato conformado com pouco espaço
no apartamento muito bem mobiliado.

Pedirá licença pra fumar uma boa memória,
mas a história da área comum
é uma placa de advertência.

Filme europeu é gente demais vestida.
Na geladeira há uma cerveja esquecida
desde a comemoração do ano novo.

A vizinha vem todo dia apreciar histórias
de um verão como outro qualquer.

A vizinha vem
até quando a vizinha não está.

A mala esteve sempre pronta
pra voltar a viajar.

Não precisa saber desse tal de charme
da noite do inverno na cidade.  

Na praça só há cachorros encoleirados
e gente trotando uniformizada
correndo atrás do tempo
que sempre resiste serra abaixo.

Atrás da página arrancada
do mês que passou no calendário,
escreveu uma despedida:

“meu amor eu tou voltando
pra você.
Guardado quem sabe naquele próximo janeiro
no calendário que ainda nem saiu...”

CRiga.


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