Descuido
da rota, vou parar bem na porta da tua casa. Antes de bater sabendo que não
atenderia, me recebe com flores às mãos. Vinho, uma vela sobre a mesa, o jantar
está posto para dois. Eu me confesso, "sou pecador, te esqueci, amaldiçoei
teu nome por onde andei". Por onde andei apaguei tuas pegadas me seguindo,
eu era mais uma criança com medo da piscadela daquela negra Nossa Senhora
Aparecida de barro da minha mãe.
Levanto
a flor ao altar, comungo do sangue de Cristo mas o corpo eu mastigo, desaprendi
as aulas de catecismo. Eu era mais puro. A igreja ainda é bonita, mas são
apenas tijolos e cimento, imagens e vitrais, confessionário e sacristia, fria,
fria. Eu tento me sentir em casa, não faço o mal-educado, agradeço. Mas saio à
porta aberta, sigo meu caminho deixando você mais uma vez pra trás.
Zeus
também me deu o vinho de Baco, um saco essa história, um porre, me embriaguei.
Não tenho mais idade pra tomar esporro beático, nem mais paciência pra sair
batendo cabeça nos postes à procura de reacender luzes queimadas do caminho. Eu
caminho como quem não precisa fazer mal a ninguém – nem a mim mesmo.
CRiga.
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