terça-feira, 15 de outubro de 2019

Escola (poesia Naif)


Gritaram no campinho,
fui eu que fiz o gol.
Era quase a hora de ir pra escola,
hora de decidir entre ser doutor
ou jogador da seleção.

Os pequenos todos aprendendo a ler,
na lousa, S+A=SA, P+O=PO.
Revistinha da Mônica antes me ajudou,
levantei braço e não hesitei: “SAPO”.
Palmas dos colegas – nunca esqueci...

Dona Dalva falava francês,
mas dava aulas de português – 
um dia faltei na prova
e a rígida senhora quis saber por que.
Em vez de tomar bomba
tomei na hora outra prova: nota dez.

Vi dona Izadora, feia e zarolha,
quebrar régua de madeira
na cabeça do “burrinho”.

Vi dona Marlene distribuir mini bíblia
e ensinar música evangélica durante a aula.

Professora Eliana não fez nada nada
quando na sala o brutamontezinho repetente
me deu uma cotovelada na cabeça.

Dona Claudete gostava de minha leitura
e me punha em frente à turma em fila
lendo textos cívicos antes do Hino Nacional.

Professora Rialma organizou um varal de poesia
num sábado de evento cultural.
Leu alto meu poema pros pais que visitavam:
“o autor é aquele menino ali” – orgulho!

Na última aula, enquanto não chegava,
professor Maurílio me designara na lousa
tirar dúvidas matemáticas de colegas.

Às vezes depois da aula havia futebol,
mas eu não era mais o moleque do campinho –
não era mais o jogador da seleção.

Também não segui carreira de doutor – 
a maldita da Física
nunca me deixou.

CRiga.


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