Faca
cega não corta palavras, e hoje há um papel amassado afixado na porta da
geladeira com um imã daqueles bem bregas. Hoje desperdicei o fio falando sobre
o que não vai mudar a vida de ninguém. Agora que é fim de dia nem precisava
assim nada tão profundo, bastava um mundo onde por um segundo se pudesse sonhar
(ou rimar ricamente...). Não estou mais afiado. Pedra gasta. Cerveja quente. Coca-Cola
sem gás. Vinil riscado fritando ovo insistindo gritar na vitrola mono de uma
caixa só. Um nó na garganta – o fim do dia não traz o sorriso de missão
cumprida porque a louça grita silenciosa na pia...
CRiga.