quinta-feira, 4 de maio de 2017

Satélite


Não há nestes dias estranhos
aquele que me diga “você não pode”.
Por isso enquanto der eu avanço,
danço conforme minha composição.

Minha música tem a simplicidade
dos primeiros garranchos de um garoto
que aprendeu a ler com revistinha da Mônica
e a doce irmã ajudando nas sílabas mais difíceis.

Minha dança tem o olhar de quem chama
à valsa sincera dos quinze anos, sem sedução.
Apenas flores no salão, o vigor da juventude,
o brinde dos amigos, tudo vai certo,
se a força acabar a gente acende vela.

Minha pintura tem as cores que me dão,
as que estão nas vozes das fadas
e das bruxas que têm algo de bom.

Minha poesia tem caminho que sei,
não preciso fincar avisos nas árvores da mata.
Eu me perco mesmo assim,
e é assim que vale mais.

Porque reencontrar-se é sempre luz.
É declamar um texto aos amigos,
rir com os queridos,
dedicar-se na escolha da canção.

Brigar só pelo pescoço da galinha caipira
que sobrou lá no fogão improvisado
da panela de barro da patroa.

Disputar quem viu mais estrelas cadentes
satélites, constelações, 
aquela lua cheia do Dark Side
nascendo lá no vale.

Só não vale inventar o medo.
Meu amor, me deixa amanhã
não acordar assim tão cedo?

CRiga.



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