A surdez do
antigo rei não é nova,
e como todo
bom rei na barriga
do trono arrota
e esbraveja soberba.
Por isso não
precisa dizer ao rei
que o pântano
engole o agricultor.
Que ele procura
sim um ouvido
só disposto
a ouvir, uma mão amiga
que o tire
de lama que o envelhece.
Todo reinado
acaba, mas a enxada
é só trocar
o cabo –
ninguém pensa
em dar com ele
na coroa
emprestada.
Só renovar
o trabalho no campo
e desatolar
as botas já furadas.
Colher das
sementes já plantadas
a paz que
pareceu um dia tão distante.
Igual
àquela paz de varanda,
casal às
cadeiras só olhando
almas sorrindo
dentro do milharal.
Igual a um
reino cujo único decreto
afixado à
arvore mais velha,
seja proibir
a simples menção
à palavra tirania.
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