Tento do jeito que dá, e
dá certo. Nem há tanto tempo pra errar, mas o que há não será medíocre areia de
ampulheta. Os discursos já sei de cor. Não interessa se você me acha louco – pouco
sei que não sou. Posso não estar entre os que batem perna e pastas modernas nas
avenidas centrais. Só trago a necessária pena pra corrigir excessos sem
espírito. Fico entre os que têm o olho clínico sagitário, não entre as pupilas
que tremem loucas à luz artificial. Vendem conhecimentos mecânicos. Só ofereço
apenas a alma das coisas, e um pouco de corda pra você me puxar. Manter-me
longe do precipício. É até possível que lá no fundo eu recrie a taverna. Que eu
viva no inferno. O céu mecânico apenas engole a carne, a Carne Fraca da PF. Produto
embutido no supermercado decadente da felicidade aparente. Não sou profeta,
tento poeta. Não sou das gerações das últimas letras do alfabeto – sou de
todas, lindas, amigas, amantes. Nunca mal escritas numa vida que insiste dar
importância às palavras inglesas que só traduzem o vazio do trabalho moderno.
Posso não estar nos trend topics, mas
estou em casa pensando: o repórter do jornal da TV Globo agora diz “tá”– vai tá
certo seu filho escrever assim no vestibular? Menos mecanismos, por favor. E mais
amor às letras.
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