terça-feira, 29 de novembro de 2016

Proibido colher flores

(foto de Flávio Costa)

Daqui só vejo o cinza de asfalto
onde apenas pombos sujos
decoram a melancolia.

As poucas árvores que há
quase são engolidas pela “paisagem”,
são bonsais de estimação –
paisagem é palavra demais bonita,
não combina com a cidade.

Olhos vidrados no movimento dos carros,
pássaros maliciosos cortam a travessia
mudos – ou o barulho suga seu palavrão
contra o carro do ano
em excesso de velocidade.

Procuro sobreviver nisso
que se convencionou chamar-se de “selva” –
preferiria procurar cipós pra doce amiga
artista que molda apanhador de sonhos.

Procuro o sentido de Manoel de Barros,
mas aqui a simplicidade está apenas
na placa que me proíbe
e não me explica
porque não posso colher as flores
do jardim da Prefeitura.

Para o amigo Danilo Amélio


CRiga.


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