(foto de Flávio Costa)
Daqui só
vejo o cinza de asfalto
onde apenas
pombos sujos
decoram a
melancolia.
As poucas árvores
que há
quase são
engolidas pela “paisagem”,
são bonsais de
estimação –
paisagem é
palavra demais bonita,
não combina
com a cidade.
Olhos vidrados
no movimento dos carros,
pássaros maliciosos
cortam a travessia
mudos – ou o
barulho suga seu palavrão
contra o
carro do ano
em excesso
de velocidade.
Procuro
sobreviver nisso
que se convencionou
chamar-se de “selva” –
preferiria
procurar cipós pra doce amiga
artista que
molda apanhador de sonhos.
Procuro o sentido
de Manoel de Barros,
mas aqui a
simplicidade está apenas
na placa
que me proíbe
e não me explica
porque não
posso colher as flores
do jardim
da Prefeitura.
Para o amigo Danilo Amélio
CRiga.
Adorei!
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