quarta-feira, 12 de junho de 2024

Corvo

 


Quando eu finalmente encontrar aquela paz
Haverá um palavrão roto, raso, engasgado.

Já terei engolido, mas não aprendido.
Os sapos viram príncipes no intestino?

Paz também é relativa.
É lápide novinha que se desgasta
Na chuva ácida do abandono.

Aquela fotinha oval de terninho e gravata
Desbotada ao lado de uma flor de plástico.  

Ninguém mais sai do conforto da novela
Pra limpar os restos da vela fedida
Disfarçar um choro contido
Ressentir uma dor imemorial.

Quando eu alcançar aquela paz
Será tarde demais.

Eu já serei poeira polida todo dia
Empoeirando
Machucando
Despertando naquela hora esquecida
Agendada no teu novo celular.

CRiga.  



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