Quando a folha começa
em branco,
um traço, um tranco
começa a história.
Pode ser uma memória de infância
até um amor que passou.
Mas o pulso quer insistir, correr
machucar o papel com a ponta do punhal –
vale também com caneta especial.
À luz de velas, luz elétrica
vagalumes ou olhos de gato.
Sobre o apoio da mesa riscada do bar,
sobre a capa do velho vinil
do flash back que não toca mais.
Basta não ter medo do branco
ninguém é santo nem demônio
todo mundo amou e odiou
sorriu, chorou, morreu um dia
renasceu no outro contando
como é ardente aquele inferno
ou como é chato aquele céu.
A nossa vida tem todos os defeitos,
os pesos que nosso papel pode suportar.
Mesmo o borrão da lágrima que cai
escreve o tempo que o espírito precisa
pra se reencontrar.
Desafio é encontrar palavra
pra alma que é certeira,
mas sem simples tradução.
Quando a folha termina
escrita,
ela não imita
nem nunca encerra a história.
Insista.
Queremos ler-te linhas,
ver-te vencer os brancos.
Traduzir-te.
Para Danilo
CRiga.
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