segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O desafio


Quando a folha começa
em branco,
um traço, um tranco
começa a história.

Pode ser uma memória de infância
até um amor que passou.
Mas o pulso quer insistir, correr
machucar o papel com a ponta do punhal –
vale também com caneta especial.

À luz de velas, luz elétrica
vagalumes ou olhos de gato.
Sobre o apoio da mesa riscada do bar,
sobre a capa do velho vinil
do flash back que não toca mais.

Basta não ter medo do branco
ninguém é santo nem demônio
todo mundo amou e odiou
sorriu, chorou, morreu um dia
renasceu no outro contando
como é ardente aquele inferno
ou como é chato aquele céu.

A nossa vida tem todos os defeitos,
os pesos que nosso papel pode suportar.

Mesmo o borrão da lágrima que cai
escreve o tempo que o espírito precisa
pra se reencontrar.

Desafio é encontrar palavra
pra alma que é certeira,
mas sem simples tradução.

Quando a folha termina
escrita,
ela não imita
nem nunca encerra a história.

Insista.
Queremos ler-te linhas,
ver-te vencer os brancos.
Traduzir-te.

Para Danilo

CRiga.



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