quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Casulo


Há uma sensação que persigo
abrigo, dever cumprido.

Há uma sensação que devo muito.
Perigo, eterno medo de desiludir.

Ninguém nunca me viu por dentro.
Daqui saem etílicas borboletas,
secos dragões sem fogo cujos sorrisos
são sinceros e preocupados.

Haverá memórias de fogueira.
Distantes, não farão revoluções.
Dúvida é se existirá um jardim amnésico
cujas rosas não peçam documento
pros beija-flores da madrugada.

Eu tenho idade, só não tenho tempo.
Quero beijar sem culpa, de barba,
voar sem horários de museu.

Não quero crianças fingindo interesse,
nem a cor forçada na exótica fotografia
calando as verdades das minhas rugas –
elas poderão com falsa propriedade
recitar poemas e apenas te enganar.

Nunca pisei o chão da maioria dos pés.
Nunca vivi o tempo das verdades eternizadas
enlatadas numa festa de jubileu.

Eu durmo num casulo eterno.
Inferno pra mim
é me tornar.

CRiga.

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