terça-feira, 13 de agosto de 2019

Duas camas (poesia sem mais poesia)


Eu não vejo onde
recuperar-me
recriar-me.

Portanto não precisa mesmo
me dar mais a tua mão
enquanto “juntos” caminhamos.
De perdido basta o homem
que nunca mesmo se encontrou.

Não precisa mesmo mais do fogo,
eu compreendo.
E é difícil romper os laços
há os nós e mais percalços.

Quero mesmo é chegar cansado
mais tarde, um trabalho que paga pouco –
assim está o Brasil
assim estamos nós, faz tempo.

Teu sono é muito leve, eu sei,
é preciso reservar a cama
que hoje sobra em outro quarto.

Os erros e um Brasil
mais questões psicológicas
psiquiátricas
gastam aquele papel do cartório
e também o mesmo chão que a gente pisa
num apartamento caro e alugado.

Eu compreendo.
Apenas amizade não aquece.
Só não esquece que um dia
a gente quis apenas acertar.

Antes eu fazia poesia pelas esquinas
ilhas e avenidas.
Hoje caminho reto sem sorte
apenas pra enganar a morte
nesta meia-vida de duas camas.

CRiga.

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