sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Limo no fim do dia


Faca cega não corta palavras.
Há agora apenas um papel amassado
afixado na porta da geladeira
com um imã daquele bem brega.
Alma que escorrega...

Hoje desperdicei o fio falando
sobre o que não vai mudar a vida de ninguém.
Fim de dia e nem precisava nada assim
tão profundo –
bastava um mundo onde por um segundo
se pudesse sonhar ou rimar ricamente.
Há um perdido antigamente...

Não estou mais afiado. Pedra gasta.
Cerveja quente. Coca-Cola sem gás.
Vinil riscado fritando ovo insistindo gritar
na vitrola mono de uma caixa só.

Um nó na garganta...
o pôr do sol não traz o sorriso de missão cumprida
porque a louça grita silenciosa na pia –
apenas o fim do dia.

CRiga.


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