O que não te
acontece mais aos ouvidos,
muitas vezes
a alma escuta, lá no fundo
pedindo um
segundo da tua atenção.
Há um tapete
de ácaros dores encrustadas.
Debaixo não
há o pó do arrependimento,
apenas o piso
frio de uma inocente solidão.
O que não te
acontece mais nas pontas dos dedos
talvez seja o
restinho do doce brigadeiro
que a língua
adolescente não aproveitou.
Há um poema
que precisa te pegar no rosto,
dizer o
quanto sinto muito o desperdício.
Reviro discos
e canções,
e a agulha
agora falha.
A ilustre
amiga traiçoeira
que não deixa
me sentir
mais
sentimental.
Me dá uma lua
risquinho no céu, um sorriso.
Me devolve
aquele restinho de eternidade
um dia
guardada confiante
na velha gaveta
de nossa juventude.
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