quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Lápide


Cairia mil precipícios se soubesse
que tudo se apagaria em frente à minha lápide –
a vergonha,
o teu perdão que ressurge máquina de triturar alma
naquela triste ira de esfarrapar o farrapo.

O fiapo do trapo do tapete
da trincada porta rangendo desculpas
do casarão velho abandonado
na cidade fantasma desta alma.

Que no jazigo sem enfeites
o piso tenha espaço pra você pisar
com teu merecido ódio.

Que o teu riso tenha tempo
de ainda gargalhar ao vento.

Que volte a ler o velho livro de poemas.

Que o teu amor redesperte
bem perto
me enterrando cada vez mais fundo
e distante.

Não tenha dó de mim –
apenas não piche nada no mármore eterno.

Nem a pedra fria merece monstros
cujas sombras ainda escurecem lares –
quais sejam eles onde for.

CRiga.

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