quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O pântano



Estamos apenas eu e você
e eu preciso te socorrer.
Não adianta me negar a mão –
você pode me puxar pra dentro
ou pode deixar-me te salvar do desalento.

O problema é que eu não te perdoo
mas tudo bem: não tem mesmo jeito
de a gente continuar sem se abraçar
na nossa velha tempestade.

Não temos caminho certo, como sempre.
Você errou, eu desviei-me dos abrigos.
Amigos são apenas bibelôs de estante
somos apenas a lenda de uma fotografia.

Não adianta culpar leões:
a psicologia viaja na facilidade
de convencer que os culpados não somos nós.

Andamos demais nos equilibrando na palavra –
perdão.
Piada mal contada de quem ama um ser
ao alcance de uma simples mão.

Aprendemos que o não é não.
Quando quebramos a regra sem o manual de instrução
o vaso trincou e o caco feriu jardineiros.
Nunca soubemos curar feridas
nem nunca soubemos da dor.

É importante te salvar, eu sei,
porque mais importante agora é vigiar.
O que nos resta é preparar o tapete verde
e sair à francesa pra vida desfilar.

Nossa Paris é a paz de um abraço.
Havia fotos de uma viagem feliz,
você as enterrou no pântano dos erros.

Agora só restamos eu e você.
Esqueça, as fotografias já se foram.
Não seremos nós os personagens do final feliz,
você sabe bem.
Cabe a nós, abraçados no negrume,
picar as trilhas e abrir caminho
enfeitar as pontes e colorir esquinas.

Eu não me perdoo
o mundo é um voo no escuro.

A gente morre junto
e o mundo recomeça agora.

CRiga.



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