quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Confessionário


Acalme seu espírito, dizem os sons do dia.
Não arrume mais problemas ou soluções.
Está tudo em seu lugar,
no lugar que você deixou.

Você sempre se deixou levar,
pena livre que boia no ar.

Mas há brisas que de vez em quando
entortam o ritmo, e eu voo longe
longe, longe...

Deixo-me pousar na pele morena
naquela mesma cena de um corredor ginasial.

Deito-me no banco do ponto de ônibus,
a gente ia junto trabalhar.

Eu passo pela velha quermesse
e no pó da terra batida
me bate sempre o mesmo arrependimento.

Embarco no vento, você está lá
passando pela minha rua.
Eu queria ter forças para lutar
para pousar sobre os teus ombros
e você me levar.

Mas a pena que boia também escreve caminhos.
Culpa minha ter confiado nas brisas
perdido tempo com verbos imprecisos.

Escrever é acalmar o espírito.

CRiga.


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